domingo, 23 de março de 2008

Dar presentes a sociedade


“Costume de casa vai à praça”. Aqui está um velho ditado que sugere modos de comportamento do ser humano e, por que não, reflete também a educação? A violência não escapa a essa quase regra. Nascerá em casa, também?

Modos de vida de uma pessoa influenciam a ação de quem vive próximo. Hábitos simples como o falar, ou apenas o dirigir-se a alguém, define muita coisa sobre quem pratica o ato. Na convivência familiar, é possível traçar pontos característicos no que diz respeito ao relacionamento entre os membros e a formação de novos indivíduos. A educação que é transmitida indiretamente é um deles. A formação do caráter e do indivíduo ético. A educação primária de uma criança surge nessa relação, nesse tipo de socialização: em família. Uma faca de dois gumes. A família não determina que tipo de ser vai ser solto a sociedade dali a alguns anos. Não sejamos hipócritas. Mas ela é determinantemente importante para a formação dele.

Agressões físicas e verbais geram energias semelhantes. Se alguma criança sofre uma agressão qualquer, ela reage. Se ela é impedida de reagir, ela reage de outra forma. A violência é um tipo de escapamento. Escapamento de qualquer realidade ruim. Ingenuamente ou não, escapar da pobreza, dos problemas, escapar da própria violência. E se a família, que teria o papel de orientar, promove essa circunstância, ela terá de desprender mais esforço para recuperar reações sadias dos filhos. É preciso incentivar o diálogo, proporcionar a eles a oportunidade de negociar e direcionar juntamente a situação resolvendo os conflitos da melhor forma possível.

Mas como explicar os casos em que o “costume da rua vem a casa”? É preciso perceber qual a referência o filho está tomando para si. Mais uma vez, entra o trabalho de uma boa orientação. E claro, é trabalho árduo. E trabalho a ser feito em todas as famílias. Todas as classes sociais. Há crianças jogadas ao mundo muito cedo. Não em relação ao abandono tutelar, mas ao abandono familiar, do apoio familiar.

O provérbio poderia ser mudado e daí então ser enunciado da seguinte forma: “Cultura de casa vai à praça”. Essa versão propõe um ideal menos estereotipado sobre costumes. A diferença está na imagem que o termo “cultura” promove; imagem de tradição e desenvolvimento. A educação precisa ser cultivada para haver uma criação produtiva. Cultura é a produção de bons frutos.