Você sabe que tem uma tarefa a ser cumprida. Sem obrigação ou determinação. É somente dever fruto do desejo, missão por escolha - por isso mesmo muito importante. Ação congelada no tempo. Há horas, dias, anos. A coisa boa disso tudo é que o congelamento tem uma qualidade chamada preservação. Apesar do ambiente frio, nada morreu. Enfim, a vontade é alimentada pela ação.
O que estava por vir ressurgiu. Renasceu. Logo na época em que o Brasil freva, samba, enfim, se solta, se mostra. O brasileiro sente-se à vontade o suficiente para ser o que quiser, fazer o que bem entender, inclusive "nada". São vontades, culturas, vida - tudo exacerbado a jorrar pelo escape. É Carnaval. Como a origem grega do termo diz, "carnis valles", prazeres da carne.
É o período que antecipa a privação (dos prazeres) vivida na quaresma. Aqui, porém, o tempo não é de prisão, muito menos de soltura. Mas de liberdade. As cinzas vindouras não proclamam escassez ou uma vida moribunda. Não há sacrifícios de purificação. Mas exercício de boa-venturança. Aqui, o que ganha força são os prazeres da vida real, tangível, tocável, resultando na máxima 'Aquilo que é deve ser-se em qualquer tempo'.

Como pernambucana arretada que sou, eu imagino o saudosismo e orgulho que sente um carioca com tamanha lembrança. Além da música, da história e das imagens, tudo riquíssimo, o filme também faz pensar no desenvolvimento que apesar de tão bem-vindo, também tem o poder de agir como mal arrebatador. A sociedade aprecia tanto o novo, o de fora e o grande, independente da época, que dá medo de perder o presente.
Fato é que o Brasil continua a efervescer. Uma outra época, novos rumos. Nova música, novas artes, novas cidades grandes. Novos tempos. Algumas ações, porém, continuam as mesmas. Que o ser humano possa, a cada carnaval, a cada festança, a cada empolgação, agir com cuidado, regado à emoção com razão. E que o país sobreviva, em seus aspectos multicultural, natural e humanístico!
Evoé! Amém! Simbora!
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